O sonho (não) acabou
“Você pode dizer que sou um sonhador/ mas não sou o único não/ e espero que um dia você se junte a nós/ e o mundo será uma coisa só”.
John Lennon
Horrorizado diante dos crimes cometidos pelos nazistas, o filósofo Theodor Adorno sentenciou que não podia mais haver poesia depois de Auschwitz. Mas um outro filósofo rebateu que depois de Auschwitz, a vida somente era possível através da poesia. Do mesmo modo, a célebre frase de John Lennon, que disse que “o sonho acabou”, após a dissolução dos Beatles, foi interpretada pelo poeta Gary Snyder como possibilidade de evoluir para além do sonho, naquilo que os movimentos dos anos sessenta propunham.
De fato, um clima de “baixo astral” dava razão aos mais céticos e cínicos, de que o sonho havia acabado. E acabado mal. Para isso contribuíram as mortes de Janis Joplin e Jimmy Hendrix, dois ícones da geração “paz & amor”. Crimes sexuais forma apontados como praticados por ativistas de esquerda. Um jovem negro foi assassinado em pleno show dos Rolling Stones. E a ditadura de mercado cantou vitória sobre a utopia daqueles jovens sonhadores.
Muitos voltaram para casa. Tornaram-se yuppies. Renegaram o sonho. “Coisa da juventude”, vovó tentou contemporizar. “Agora ele arruma um emprego”, disse o velho.
Nem todos abandonaram a utopia. Poucos resistiram. E partiram para a ação. Semana passada e retrasada passou por Londrina a “Caravana do arco-íris”. Motivo de curiosidades, seus membros deram entrevistas, realizaram palestras, cursos, participaram de eventos de outros grupos e deixaram a cidade. Um total de 20 nômades, em quatro caminhões, falando de tribalismo, ecovilas, experiências xamânicas, alimentação natural, antropologia andina, permacultura, cura holística, histórias ancestrais, etc. Assuntos que fazem rir quem parou de sonhar.
Mais vivo do que nunca, um dos “filhos da bomba atômica”, o “homem do mundo”, Alberto Ruiz Buenfil, que é o organizador da Caravana, na idade de seus 61 anos, esforça-se para passar 40 anos da experiência que tem, em pouco mais de 5 horas que ficamos juntos.
Meu interesse é artístico. Não quero saber de misticismo. E ele me diz que não praticam misticismo, mas espiritualidade. Vou direto ao ponto. Quero saber sobre arte e política e o que é desenvolvido pela Caravana, neste sentido. Dou mais uma dica para sugestão de conversa. Falo no Situacionismo dos anos 60. E então um portal se abre nos olhos do “guerreiro do arco-íris”. Ele não só sabe do que estou falando, mas diz que pertenceu à Segunda Internacional Situacionista, em 1971, fundada por Asger Jorn (1914-1973) e o irmão dele. E que foi dali em diante que ele iniciou a prática do nomadismo. A fim de criar uma cultura que fosse tribal e global, ao mesmo tempo. Que saiu da Suécia, voltou para o México, foi para Cuba, fundou comunidades e, desde 1996, estava com a Caravana, atravessando desde o Alaska até a Terra do Fogo, na Argentina. Fazendo reuniões com comunidades indígenas, desenvolvendo eventos de cura e regeneração da terra e tudo aquilo que a contra-cultura e a geração hippie sonhou um dia. Convida-me para entrar no ônibus/biblioteca e mostra seus vários livros. Alguns de sua autoria. Sobre anarquismo, situacionismo, xamanismo e, claro, tudo aquilo que o movimento hippie sonhou um dia. E ele, na prática ainda hoje realiza.
Os demais membros da Caravana vão, cada um, cuidar de suas atividades. Depois nos chamam. Dizem que estamos atrasados e precisamos partir. O sonho acabou. É preciso agir!
John Lennon
Horrorizado diante dos crimes cometidos pelos nazistas, o filósofo Theodor Adorno sentenciou que não podia mais haver poesia depois de Auschwitz. Mas um outro filósofo rebateu que depois de Auschwitz, a vida somente era possível através da poesia. Do mesmo modo, a célebre frase de John Lennon, que disse que “o sonho acabou”, após a dissolução dos Beatles, foi interpretada pelo poeta Gary Snyder como possibilidade de evoluir para além do sonho, naquilo que os movimentos dos anos sessenta propunham.
De fato, um clima de “baixo astral” dava razão aos mais céticos e cínicos, de que o sonho havia acabado. E acabado mal. Para isso contribuíram as mortes de Janis Joplin e Jimmy Hendrix, dois ícones da geração “paz & amor”. Crimes sexuais forma apontados como praticados por ativistas de esquerda. Um jovem negro foi assassinado em pleno show dos Rolling Stones. E a ditadura de mercado cantou vitória sobre a utopia daqueles jovens sonhadores.
Muitos voltaram para casa. Tornaram-se yuppies. Renegaram o sonho. “Coisa da juventude”, vovó tentou contemporizar. “Agora ele arruma um emprego”, disse o velho.
Nem todos abandonaram a utopia. Poucos resistiram. E partiram para a ação. Semana passada e retrasada passou por Londrina a “Caravana do arco-íris”. Motivo de curiosidades, seus membros deram entrevistas, realizaram palestras, cursos, participaram de eventos de outros grupos e deixaram a cidade. Um total de 20 nômades, em quatro caminhões, falando de tribalismo, ecovilas, experiências xamânicas, alimentação natural, antropologia andina, permacultura, cura holística, histórias ancestrais, etc. Assuntos que fazem rir quem parou de sonhar.
Mais vivo do que nunca, um dos “filhos da bomba atômica”, o “homem do mundo”, Alberto Ruiz Buenfil, que é o organizador da Caravana, na idade de seus 61 anos, esforça-se para passar 40 anos da experiência que tem, em pouco mais de 5 horas que ficamos juntos.
Meu interesse é artístico. Não quero saber de misticismo. E ele me diz que não praticam misticismo, mas espiritualidade. Vou direto ao ponto. Quero saber sobre arte e política e o que é desenvolvido pela Caravana, neste sentido. Dou mais uma dica para sugestão de conversa. Falo no Situacionismo dos anos 60. E então um portal se abre nos olhos do “guerreiro do arco-íris”. Ele não só sabe do que estou falando, mas diz que pertenceu à Segunda Internacional Situacionista, em 1971, fundada por Asger Jorn (1914-1973) e o irmão dele. E que foi dali em diante que ele iniciou a prática do nomadismo. A fim de criar uma cultura que fosse tribal e global, ao mesmo tempo. Que saiu da Suécia, voltou para o México, foi para Cuba, fundou comunidades e, desde 1996, estava com a Caravana, atravessando desde o Alaska até a Terra do Fogo, na Argentina. Fazendo reuniões com comunidades indígenas, desenvolvendo eventos de cura e regeneração da terra e tudo aquilo que a contra-cultura e a geração hippie sonhou um dia. Convida-me para entrar no ônibus/biblioteca e mostra seus vários livros. Alguns de sua autoria. Sobre anarquismo, situacionismo, xamanismo e, claro, tudo aquilo que o movimento hippie sonhou um dia. E ele, na prática ainda hoje realiza.
Os demais membros da Caravana vão, cada um, cuidar de suas atividades. Depois nos chamam. Dizem que estamos atrasados e precisamos partir. O sonho acabou. É preciso agir!
1 Comments:
depois, eu q sou doida...
hihihihihi
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