Arte da política, política da arte
“Oba, a manteiga acabou!”, de 1935. Fotomontagem de John Heartfield ironizando a propaganda nazista, do ministro Goering, em um discurso em Hamburgo: "Ferro sempre tornou impérios fortes, manteiga e toucinho têm no máximo tornado as pessoas gordas.”
"Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
F. Nietszche
Arte da política
A relação que une arte e política é menos estranha do que poderia parecer. Arte e política sempre tiveram uma relação imbricada, mesmo que a arte da política e a política da arte não caminhassem em direções simultâneas.
Mas não essa arte da política que cria monstrinhos que aparecem na tela da televisão em épocas de eleição. Aliás, o que se vê de menos, nessas épocas, é política como arte. A não ser que consideremos os candidatos atores, e seus agentes publicitários vendedores de embalagens, onde a maquilagem e a interpretação é o que valem para arrebatar votos. Embora sejam muitos os candidatos disputando cargos, sabemos que poucos deles estão interessados, de fato, nas possibilidades de inclusão social, em ativar mecanismos para a proteção ambiental, em se sacrificar por uma mudança de hábitos viciados da prática governamental e uso de seriedade e transparência de comportamento diante da máquina administrativa. Refazer esses hábitos seculares é lutar contra a próprio poder constituído em nosso país, como nação explorada. Mesmo que existam candidatos dispostos a mudar esse quadro, se eleitos serão obrigados a negociar e a jogar conforme quer o capital, sob o risco de terem seus mandatos engessados. E isso até o mais extremista deles sabe quando se dispõe a participar do mercado eleitoral.
A arte da política é quando, realmente, se consegue chegar a comuns acordos em benefício da coletividade. Quando se consegue o entendimento sobre determinado ponto de vista e partilha-se dele. Quando se chega à prática visando o bem comum e de acordo com as pessoas interessadas. Quando se consegue gerenciar conflitos através do debate aberto e sincero. E não o pseudo-debate, como em um jogo de cartas previamente marcadas. Quando a hierarquia entre a base eleitoral e governo é minimizada, senão abolida, na disputa dos vários interesses que movem o poder. Como diz o ditado: melhor morar em uma casa de sapé sabendo do que está acontecendo, do que em um palacete no meio do desentendimento.
Política da arte
Já a política da arte, essa flutua no emaranhado de uma trama que depende tanto da visão dos agentes que estão no poder político – se pensarmos arte como conjunto de valores simbólicos produzidos dentro de uma comunidade – quanto da capacidade de organização dos próprios produtores culturais para atingir objetivos específicos, que dizem respeito à cultura na qual essa arte é produzida.
Por exemplo, nem sempre os interesses dos artistas são levados em consideração na hora da distribuição das verbas públicas para a arte e para a cultura. Mesmo disfarçado de representação democrática, com leis regularizando a aplicação de verbas, não estamos imunes ao “assistencialismo cultural” disfarçado de obras sociais. Até porque a cultura não se resume à arte. E os recursos – divididos com a educação, com o esporte, com a saúde e até com obras públicas, em vários casos – diluem-se.
Mas fazer política de arte é também forçar nossos representantes a enxergarem o valor desses "produtos simbólicos" para além de suas concepções "sociológicas", ou de suas visões sobre arte "moderna". Porque a criação artística antecede ao discurso e à própria política pública que irá gerenciar a arte. Porque fazer arte não é produzir o que se espera – seja por quem for – o que seja arte. A produção da arte se dá antes como visão de mundo e não como ação que prevê um determinado sucesso de público, ou de crítica, ou de acomodamento em uma base ideológica, ou político-partidária. E uma arte que não seja subversiva e crítica, desde a própria formulação; uma arte cuja inquietação não seja o fermento de sua origem e; uma arte que não esteja fundida à própria terra onde deveria ser parida, só se torna um instrumento nas mãos de quem agora as estende, pedindo seu voto, (e)leitor.
"Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
F. Nietszche
Arte da política
A relação que une arte e política é menos estranha do que poderia parecer. Arte e política sempre tiveram uma relação imbricada, mesmo que a arte da política e a política da arte não caminhassem em direções simultâneas.
Mas não essa arte da política que cria monstrinhos que aparecem na tela da televisão em épocas de eleição. Aliás, o que se vê de menos, nessas épocas, é política como arte. A não ser que consideremos os candidatos atores, e seus agentes publicitários vendedores de embalagens, onde a maquilagem e a interpretação é o que valem para arrebatar votos. Embora sejam muitos os candidatos disputando cargos, sabemos que poucos deles estão interessados, de fato, nas possibilidades de inclusão social, em ativar mecanismos para a proteção ambiental, em se sacrificar por uma mudança de hábitos viciados da prática governamental e uso de seriedade e transparência de comportamento diante da máquina administrativa. Refazer esses hábitos seculares é lutar contra a próprio poder constituído em nosso país, como nação explorada. Mesmo que existam candidatos dispostos a mudar esse quadro, se eleitos serão obrigados a negociar e a jogar conforme quer o capital, sob o risco de terem seus mandatos engessados. E isso até o mais extremista deles sabe quando se dispõe a participar do mercado eleitoral.
A arte da política é quando, realmente, se consegue chegar a comuns acordos em benefício da coletividade. Quando se consegue o entendimento sobre determinado ponto de vista e partilha-se dele. Quando se chega à prática visando o bem comum e de acordo com as pessoas interessadas. Quando se consegue gerenciar conflitos através do debate aberto e sincero. E não o pseudo-debate, como em um jogo de cartas previamente marcadas. Quando a hierarquia entre a base eleitoral e governo é minimizada, senão abolida, na disputa dos vários interesses que movem o poder. Como diz o ditado: melhor morar em uma casa de sapé sabendo do que está acontecendo, do que em um palacete no meio do desentendimento.
Política da arte
Já a política da arte, essa flutua no emaranhado de uma trama que depende tanto da visão dos agentes que estão no poder político – se pensarmos arte como conjunto de valores simbólicos produzidos dentro de uma comunidade – quanto da capacidade de organização dos próprios produtores culturais para atingir objetivos específicos, que dizem respeito à cultura na qual essa arte é produzida.
Por exemplo, nem sempre os interesses dos artistas são levados em consideração na hora da distribuição das verbas públicas para a arte e para a cultura. Mesmo disfarçado de representação democrática, com leis regularizando a aplicação de verbas, não estamos imunes ao “assistencialismo cultural” disfarçado de obras sociais. Até porque a cultura não se resume à arte. E os recursos – divididos com a educação, com o esporte, com a saúde e até com obras públicas, em vários casos – diluem-se.
Mas fazer política de arte é também forçar nossos representantes a enxergarem o valor desses "produtos simbólicos" para além de suas concepções "sociológicas", ou de suas visões sobre arte "moderna". Porque a criação artística antecede ao discurso e à própria política pública que irá gerenciar a arte. Porque fazer arte não é produzir o que se espera – seja por quem for – o que seja arte. A produção da arte se dá antes como visão de mundo e não como ação que prevê um determinado sucesso de público, ou de crítica, ou de acomodamento em uma base ideológica, ou político-partidária. E uma arte que não seja subversiva e crítica, desde a própria formulação; uma arte cuja inquietação não seja o fermento de sua origem e; uma arte que não esteja fundida à própria terra onde deveria ser parida, só se torna um instrumento nas mãos de quem agora as estende, pedindo seu voto, (e)leitor.
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